10 de maio de 2009

A Princesa Kim para crianças




A princesa Kim nasceu na Coréia do Norte. Mas naquela época a Córeia do Sul e do Norte eram apenas um só país, a Coréia.



A princesa Kim era filha da dinastia Duck Kim. Outrora um cálido reino montanhoso, na época do nascimento da princesa estava um tanto quanto devastado: os japoneses haviam dominado todo o território daquela dinastia e de todas as outras do país.


Os pais da princesa observavam com esperança todo o seu reino. Da janela de sua casa grande, rodeada de cerejeiras, esperavam que os japoneses fossem embora e que tudo voltasse a ser como antes para seu povo. Estes japoneses, invasores e colonizadores, ficaram conhecidos por sua intolerância pois eram ferrenhos, impositivos e violentos – não era permitido falar coreano, ninguém podia se chamar pelos nomes que haviam lhe sido dados, apenas por nomes japoneses; e todas as manifestações de sua cultura foram expressamente proibidas. Tudo o que se referia à Coréia foi queimado. Por isso ainda hoje os pesquisadores encontram muita dificuldade para descobrir a história deste país, que vem sendo resgatada e construída lentamente. Os pais da princesa contavam a ela, no entanto, de noite e no escuro, histórias de seus mitos, para que ela nunca se esquecesse de como surgiram as montanhas, os rios, as cerejeiras e tudo o mais naquela terra serena, bela e farta.


Fazia muito frio em algumas épocas do ano, e como não havia aquecimento, as casas eram construídas com as pedras das montanhas. Por baixo destas pedras, as pessoas colocavam brasas acesas, assim, a casa ficava aquecida durante o inverno e as crianças corriam descalças sobre um chão morno.


Quando moça, essa princesa conheceu um rapaz, também ele coreano, que acabava de voltar dos estudos da Manchúria, na China. Ele falava russo, chinês, japonês e coreano e era muito, muito inteligente além de bonito. Apesar de não ser rico como convinha a princesa Kim, ele era um pretendente que se aventurava a cruzar os sete portões para chegar até a princesa. Assim foi que ela se apixonou também por sua coragem.


A princesa sofreu duras penas por ter se apaixonado por um plebeu. Por fim, não houve remédio para este amor a não ser viver com ele. Era um amor muito bonito, que comoveu todo o povo, até que por fim comoveu também aos pais da princesa, que acabaram por consentir com o casamento. Esta história com final feliz foi recontada através dos tempos e dizem que quem visita hoje a Coréia pode assistir a um musical famoso apresentado para turistas, contando a história deste casal.


Os dois, apaixonados, foram morar mais ao sul do país, mais perto do mar e mais longe da dinastia Kim Duck, provisoriamente, porque o marido da princesa queria trabalhar neste lugar.
Nesta época, os japoneses perderam uma guerra com os Estados Unidos. Esta guerra foi uma das mais tristes da história da humanidade. Como perderam a guerra, perderam também seus territórios conquistados. A Coréia foi então dividida entre a Coréia do Sul e a Coréia do Norte. A Coréia do Sul, onde estavam a princesa Kim e seu marido, passou a pertencer aos Estados Unidos e a Coréia do Norte, onde a dinastia Kim Duck e todo seu povo estava, passou a pertencer à Rússia. Como os Estados Unidos e a Rússia eram dois países que na época brigavam muito, eles levantaram um muro bem grande para separar as duas Coréias. E criaram uma lei que nenhuma pessoa de lá podia vir para cá e vice versa. O muro existe até hoje e a princesa nunca mais conseguiu ver a sua família. Mas essa história triste não aconteceu apenas com ela, mas com todo o povo coreano que havia ido viver próximo ao mar, onde era mais quente e não haviam tantas cerejas, mas muitos peixes.


A princesa teve 4 lindas filhas e um filho. Nomeou todas as filhas com o posfixo Hee após o nome de cada uma delas. Hee significa princesa em coreano, ou uma grande mulher. Assim, todos poderiam saber que aquelas meninas eram filhas da princesa Kim.


Mas a vida deles ficou muito difícil longe da família. Também os coreanos, influenciados pelos americanos e pelos russos, passaram a brigar entre eles, coisa que nunca tinha acontecido antes, por serem um povo muito pacífico. Veio a guerra entre a Coréia do Sul e a Coréia do Norte e foram tempos muito difíceis, pois havia muita falta de alimento. Assim foi que a princesa Kim vendeu suas jóias, vestidos e rolos de pura seda, para comprar alimentos que ela dividia com as outras famílias, para que alimentassem também seus filhos. Ela sempre dizia que uma princesa mostra que é princesa principalmente em épocas difíceis, que sempre acontecem, mesmo com uma princesa.


Depois de alguns anos esta guerra terminou, mas deixou o país feio e triste, houveram muitas vítimas. E a princesa Kim trabalhou bastante em um hospital, ajudando a cuidar dos feridos.
Tempos depois, ela e seu marido tiveram a oportunidade, junto com outras famílias nobres, de irem viver em um país novo, que diziam que era quente, que não conhecia a guerra e com muitas pessoas alegres como eles.


Foi assim que vieram para o Brasil, sendo eles um dos primeiros imigrantes coreanos no país. Cuidaram de seus filhos que cresceram, casaram-se com brasileiros e tiveram netos e foram muito, muito felizes, porque sua família ficou grande, trabalhadora e próspera, com pessoas do bem que sempre muito honraram o bonito passado da dinastia Kim Duck.


A princesa Kim morreu bem velhinha e nunca esteve doente: escolheu ir embora para ficar com seu marido, que havia morrido bem pouco antes. Assim que foi princesa até na hora de sua morte.

FIM